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O absolutismo

O absolutismo é um sistema de governo no qual o poder está concentrado nas mãos de um único governante, geralmente um monarca, que exerce autoridade suprema e não está sujeito a limitações por leis ou constituições. Esse tipo de governo foi característico da Europa entre os séculos XVI e XVIII.

Características do Absolutismo

  • Poder Centralizado: Todo o poder político e administrativo está nas mãos do monarca. Ele toma todas as decisões importantes, desde a criação de leis até a administração da justiça.
  • Autoridade Divina: Muitas vezes, o monarca é visto como tendo o direito divino de governar, ou seja, seu poder é considerado dado por Deus, o que torna sua autoridade inquestionável.
  • Controle sobre a Nobreza: Para manter o controle absoluto, os monarcas absolutos frequentemente limitavam o poder da nobreza, muitas vezes cooptando-a para servir no governo ou nas forças armadas.
  • Exército Permanente: Manter um exército permanente era uma característica importante, pois permitia ao monarca reprimir revoltas e manter a ordem interna.
  • Burocracia Eficiente: Para administrar eficientemente seus domínios, os monarcas absolutos criavam uma burocracia centralizada que reportava diretamente a eles.
  • Política Econômica Mercantilista: A promoção do mercantilismo, uma política econômica que favorecia o fortalecimento do estado através do controle do comércio e da acumulação de riquezas.

Exemplos Históricos

  • Luís XIV da França (1643-1715): Conhecido como o “Rei Sol”, é um dos exemplos mais conhecidos de monarca absoluto. Seu famoso dito “L’État, c’est moi” (“O Estado sou eu”) encapsula a essência do absolutismo.
  • Pedro o Grande da Rússia (1682-1725): Implementou reformas abrangentes para modernizar a Rússia e centralizar o poder sob sua autoridade.

Consequências do Absolutismo

O absolutismo levou a períodos de estabilidade e centralização do poder, mas também a abusos de poder e descontentamento popular. Em muitos casos, o absolutismo criou as condições para futuras revoluções, como a Revolução Francesa, que buscou acabar com a monarquia absolutista e estabelecer princípios de igualdade e democracia.

Absolutismo e a filosofia

Diversos filósofos e teóricos políticos defenderam o absolutismo ao longo dos séculos. Entre os mais proeminentes estão Thomas Hobbes, Jean Bodin e Jacques-Bénigne Bossuet. Cada um deles contribuiu com suas teorias sobre a necessidade e a legitimidade de um governo absoluto.

Thomas Hobbes (1588-1679)

Hobbes é um dos filósofos mais conhecidos por defender o absolutismo, especialmente em sua obra “Leviatã” (1651). Suas principais ideias incluem:

  • Estado de Natureza: Hobbes acreditava que, sem um governo, a vida no estado de natureza seria “solitária, pobre, desagradável, brutal e curta”. As pessoas viveriam em constante medo e desconfiança umas das outras.
  • Contrato Social: Para escapar do estado de natureza, as pessoas concordam em formar uma sociedade e estabelecer um governo. Elas renunciam a algumas de suas liberdades em troca de segurança e ordem.
  • Poder Absoluto: Hobbes argumenta que para garantir a paz e a segurança, o poder do soberano deve ser absoluto e indivisível. O soberano deve ter autoridade total para garantir a estabilidade e proteger os cidadãos.

Jean Bodin (1530-1596)

Jean Bodin foi um teórico político francês que é frequentemente creditado com a introdução do conceito de soberania. Suas ideias são apresentadas principalmente em sua obra “Os Seis Livros da República” (1576).

  • Soberania Absoluta: Bodin define a soberania como o poder absoluto e perpétuo de uma república. Ele acreditava que a soberania não pode ser dividida e deve residir em um monarca.
  • Poder Indivisível: Para Bodin, a soberania é indivisível e deve ser exercida por um único governante para garantir a ordem e a estabilidade. Ele via a divisão do poder como uma fonte de fraqueza e conflito.

Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704)

Bossuet foi um bispo e teólogo francês que defendeu o absolutismo com base na teoria do direito divino dos reis. Suas ideias estão principalmente expostas em sua obra “Política Tirada da Sagrada Escritura” (1709).

  • Direito Divino dos Reis: Bossuet argumentava que o poder dos reis era dado diretamente por Deus e que os monarcas eram representantes de Deus na Terra. Portanto, a autoridade real era sagrada e inquestionável.
  • Obediência ao Monarca: Segundo Bossuet, os súditos deviam obediência total ao monarca, que governava de acordo com a vontade divina. A resistência ao monarca era vista como uma resistência à vontade de Deus.

Esses filósofos e teóricos forneceram uma base intelectual e justificativa para o absolutismo, enfatizando a necessidade de um poder centralizado e forte para manter a ordem, a estabilidade e a segurança na sociedade.

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