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Período regencial

O Período Regencial é uma fase da história do Brasil que se estende de 1831 a 1840, entre a abdicação de Dom Pedro I e o início do Segundo Reinado com a maioridade de Dom Pedro II. Esse período é caracterizado por uma série de governos provisórios e por profundas instabilidades políticas, sociais e econômicas.

Contexto Histórico

Após a abdicação de Dom Pedro I em 7 de abril de 1831, seu filho, Dom Pedro II, tinha apenas cinco anos de idade e não podia assumir o trono. Assim, foram estabelecidas regências para governar o país até que Pedro II atingisse a maioridade.

Regências

Regência Trina Provisória (1831)

  • Composta por três membros: o senador Nicolau de Campos Vergueiro, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, e o padre Manuel Inácio de Andrade Souto Maior.
  • Durou apenas alguns meses, de abril a junho de 1831.
  • Foi responsável por organizar a transição do governo após a abdicação de Dom Pedro I.

Regência Trina Permanente (1831-1835)

  • Formada por José da Costa Carvalho, João Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva.
  • Teve que lidar com diversas revoltas, como a Cabanagem (Pará), a Sabinada (Bahia) e a Balaiada (Maranhão).
  • Criou a Guarda Nacional para substituir o Exército como força militar interna, sendo composta por milícias locais leais aos interesses regionais.

A R. Una de Feijó (1835-1837)

  • Com a aprovação do Ato Adicional de 1834, que reformou a Constituição de 1824, foi permitido que a regência fosse ocupada por apenas uma pessoa.
  • Diogo Antônio Feijó foi o primeiro regente uno, enfrentando desafios como a Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul) e a Cabanagem.

A R. Una de Araújo Lima (1837-1840)

  • Pedro de Araújo Lima assumiu após a renúncia de Feijó.
  • Enfrentou uma crescente insatisfação com a centralização do poder, culminando em movimentos como a Revolta dos Malês (Bahia).
  • Em 1840, foi promovido o Golpe da Maioridade, que antecipou a maioridade de Dom Pedro II para os 14 anos, permitindo-lhe assumir o trono.

Características Principais

  • Instabilidade Política: Diversas revoltas e conflitos internos marcaram o período, com regiões do país lutando por maior autonomia ou independência.
  • Descentralização Administrativa: A criação das Assembleias Provinciais pelo Ato Adicional de 1834 buscou dar mais autonomia às províncias.
  • Conflitos Regionais: Revoltas como a Cabanagem, Balaiada, Sabinada e Farroupilha refletiram as tensões sociais, políticas e econômicas existentes.
  • Guarda Nacional: A formação da Guarda Nacional foi uma tentativa de manter a ordem interna e reduzir a dependência do Exército, que era visto como leal ao antigo regime imperial.

O Período Regencial foi uma época de grandes desafios e transformações para o Brasil, estabelecendo as bases para a consolidação do Estado nacional e preparando o terreno para o Segundo Reinado sob Dom Pedro II. A instabilidade e as diversas revoltas refletiram as tensões sociais e políticas da época, mas também levaram a importantes reformas administrativas e políticas que moldariam o futuro do país.

As revoltas do período regencial

O Período Regencial no Brasil (1831-1840) foi marcado por uma série de revoltas e conflitos regionais, refletindo as tensões políticas, sociais e econômicas da época. Essas revoltas tiveram causas diversas, incluindo insatisfação com a centralização do poder, questões econômicas, disputas locais e, em alguns casos, influências de ideias liberais e separatistas.

Cabanagem (1835-1840)

Local: Pará

Causas

  • Insatisfação com a pobreza e a exclusão social da população local, incluindo indígenas, mestiços e negros.
  • Descontentamento com a centralização do poder no Rio de Janeiro e a falta de representatividade local.

Desenvolvimento

  • Os cabanos tomaram a cidade de Belém e proclamaram um governo próprio.
  • Houve um violento confronto entre os revoltosos e as forças imperiais, resultando em uma repressão severa.

Consequências

  • A revolta reprimiu-se brutalmente, com milhares de mortos.
  • O governo imperial conseguiu restabelecer o controle, mas a região permaneceu instável por algum tempo.

Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835-1845)

Local: Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Causas

  • Insatisfação com a política fiscal do governo central, especialmente os impostos sobre o charque (carne seca) gaúcho.
  • Sentimentos regionalistas e a influência de ideias republicanas e federalistas.

Desenvolvimento

  • Líderes como Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi se destacaram.
  • Os rebeldes proclamaram a República Rio-Grandense e, posteriormente, a República Juliana em Santa Catarina.

Consequências

  • O conflito durou quase dez anos e terminou com o Acordo de Poncho Verde, em que anistiaram-se os rebeldes e algumas concessões foram feitas pelo governo central.
  • A alcançou-se a paz, mas deixou-se um legado de forte identidade regional.

Sabinada (1837-1838)

Local: Bahia

Causas

  • Insatisfação com a centralização do poder e a falta de autonomia para a província.
  • Descontentamento com a exclusão das camadas médias e baixas da sociedade do processo político.

Desenvolvimento

  • Liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, os rebeldes proclamaram uma república provisória em Salvador.
  • A revolta reprimiu-se pelas forças imperiais.

Consequências

  • A repressão foi violenta, com muitos mortos e líderes presos ou exilados.
  • A região permaneceu instável e ressentida com o governo central.

Balaiada (1838-1841)

Local: Maranhão

Causas

  • Desigualdade social e econômica, com grande parte da população vivendo em extrema pobreza.
  • Disputas entre as elites locais, agravadas pela insatisfação das camadas populares.

Desenvolvimento

  • Os balaios, liderados por Raimundo Gomes, Cosme Bento das Chagas e Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, conseguiram tomar várias cidades.
  • A revolta foi uma mistura de reivindicações sociais e políticas.

Consequências

  • Reprimiu-se a revolta brutalmente pelo governo central.
  • Cosme Bento, um líder negro, foi executado, e muitos revoltosos foram mortos ou aprisionados.

Revolta dos Malês (1835)

Local: Salvador, Bahia

Causas

  • Insatisfação dos escravos muçulmanos (malês) com as condições de vida e a repressão religiosa.
  • Influências das ideias de liberdade e autonomia.

Desenvolvimento

  • Revolta planejada para coincidir com o mês sagrado do Ramadã.
  • Embora bem organizada, a revolta sufocou-se rapidamente pelas autoridades.

Consequências

  • A repressão foi violenta, com muitos malês mortos ou capturados.
  • A revolta aumentou o medo de novas insurreições de escravos no Brasil.

As revoltas do Período Regencial foram manifestações das profundas desigualdades e tensões regionais que marcaram o Brasil no século XIX. Elas destacam a complexidade do processo de construção do Estado brasileiro e a resistência das populações locais às tentativas de centralização do poder. Essas insurreições também contribuíram para moldar as políticas do Segundo Reinado, especialmente no que diz respeito à busca por maior equilíbrio entre o poder central e as demandas regionais.

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